Arquivo do mês: setembro 2007

Para entender a TV Digital: Bibliografia 3

A Nova M�dia“Mídia de massa, historicamente, significa produtos de informação e entretenimento centralmente produzidos e padronizados, distribuídos a grandes públicos através de canais distintos. Os novos desafiantes eletrônicos modificam todas essas condições. Muitas vezes, seus produtos não se originam de uma fonte central. (…) Sua inovação mais importante é a distribuição de produtos de voz, vídeo e impressos num canal eletrônico comum, muitas vezes em formatos interativos bidirecionais que dão aos consumidores maior controle sobre os serviços que recebem, sobre quando obtê-los e sob que forma.

No livro A Nova Mídia – A Comunicação de Massa na Era da InformaçãoWilson Dizard Jr. busca contextualizar a tradicional concepção em torno do termo “comunicação de massa” no que seria uma nova era tomada por profundas, abrangentes e velocíssimas mudanças por quais passam a história, a economia, a política e a sociedade no tocante à tecnologia. Wilson Dizard inicia o seu estudo abordando as transformações no cenário americano por quais passaram a TV, segundo ele o mais bem-sucedido meio de comunicação de massa dos tempos modernos, expondo que, durante a década de 90, as três grandes redes americanas – NBC, ABC e CBS – passaram a somar índices de audiência combinada em menos de 50% pela primeira vez desde o início das medições, quantificando uma mudança estrondosa num cenário em que o mesmo índice chegou a ser de mais de 90% por mais de 40 anos.

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Mais do mesmo e menos é mais: Pombos-correios e a revolução televisiva

Pombos-correios: mídia do passado? Talvez, embora nem tão passado assim. Somente há 6 anos, ou seja, uma atividade ainda pertencente a este século, finalmente fecharam-se as portas da última pequena empresa remanescente que persistentemente prestava serviços de pombos-correios no mundo, na longínqua e remota região indiana de Orissa. A chamada columbofilia – a arte da criação e adestramento de pombos – apesar de ainda permanecer como paixão e hobby de muitos, deixou de fazer parte da gama de inúmeras possibilidades midiáticas de comunicação terceirizadas disponíveis hoje no mundo contemporâneo. Em outras palavras, se for do interesse do indivíduo utilizar-se neste instante da mais arcaica forma de comunicação à distância do globo, terá ele que ter criado e adestrado o seu próprio poPombos-correios esmagadosmbo.

Nem mesmo em se tratando de um meio até então inegavelmente atrativo – visão de longo alcance, aguçado sentido de orientação, velocidade de até 100 km/h, capacidade de percorrer distâncias superiores a 1000 km, tudo isso a um singelo custo de apenas 1 quilo de alimento por mês – pode o pombo-correio deixar de sucumbir ao implacável avanço tecnológico dos meios de comunicação, em especial dos serviços de telemática, telecomunicações e da conexão global via Internet (O que dizer então da nossa atual hegemônica televisão?).

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O bloqueio (físico e mental) na TV Digital

Como já dizia Gramsci acerca dos absurdos na relação da mídia e seu público, os meios de comunicação são controlados pelo capital privado, embora eles tratem de assuntos pertencentes à esfera pública. Esses assuntos da esfera pública, porém, são abordados e debatidos de uma maneira privada quanto ao seu conteúdo, ao seu direcionamento, ou à maneira pela qual são analisados. Isto evidentemente faz com que a mídia tenha adquirido um grande poder uma vez que ela passa a ser o agente detentor de um papel de interesse público controlado unicamente pelo próprio capital privado, e não pelas ditas instituições públicas.

Antonio Gramsci morreu no ano de 1937, em Roma, Itália, num governo dito fascista. Setenta anos depois, ano de 2007, em Brasília, Brasil, num governo dito democrático, meia dúzia de famílias brasileiras – que detêm o controle dos grandes grupos de comunicação no país – querem dizer às milhões de famílias brasileiras – cuja maioria vê “a” realidade através dos “olhos” do casal de estrelas Bonner & Bernardes – não apenas o já trivial – o que devem ou não devem pensar – como também o que devem ou não devem fazer com o próprio conteúdo em si do que se passa pela tela da TV em cada um dos 40 milhões de domicílios do país.

Globo Lock 

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Para entender a TV Digital: Bibliografia 2

Cultura LivreA reflexão que o livro Cultura Livre – Como a Grande Mídia Usa a Tecnologia e a Lei Para Bloquear a Cultura e Controlar a Criatividade, de Lawrence Lessig, faz acerca dos irreversíveis impactos na cultura, que tiveram a Internet como o grande agente responsável, é de grande valia para a singela reflexão deste blog, uma vez que as mudanças causadas em decorrência do advento da Internet afetam direta e indiretamente a produção e distribuição da cultura em todos os outros meios de comunicação, entre eles, evidentemente, o objeto de nossa análise: a TV Digital Terrestre.

 

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O deslumbre sócio-tecnológico inspirador de Pangea Day

Pangea DayE o que poderia instaurar melhor uma suposta sensação de pertença a uma comunidade global – a qual se refere Rogério da Costa em “Cultura Digital” (ver post anterior) – do que o conceito proposto pelo Pangea Day? Trata-se de um pretensioso projeto idealizado por Jehane Noujaim, diretora de Control Room – documentário que discute a atuação do canal de notícias árabe Al Jazeera durante a invasão do Iraque, ao mostrar a versão da história que as redes americanas não mostraram. Noujaim acredita que o filme como meio pode ser utilizado como uma poderosa ferramenta de quebra de barreiras entre comunidades, culturas e nações distintas entre si.

O intuito do projeto foi divulgado na premiação da diretora na conferência anual do TED em julho de 2006 (o ex-presidente americano Bill Clinton e o vocalista do U2, Bono Vox, são alguns dos ganhadores de outras edições do prêmio), premiação esta que dá ao seu vencedor o direito de pedir “um desejo para mudar o mundo” (!) sem restrições propriamente formais e, depois de diversos meses de preparação, o desejo de Jehane foi enfim revelado na esperada cerimônia de premiação: mudar o mundo através do poder dos filmes.

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Para entender a TV Digital: Bibliografia 1

Em seu livro A Cultura Digital, Rogério da Costa faz uma análise geral de como o digital encontra-se cada vez mais presente e inserido na vida de um número cada vez maior de pessoas através da interação com os mais diversos aparelhos eletrônicos. O autor denota como a interação das pessoas com estes aparelhos se dá através da relação do indivíduo com o ambiente de informação – ou interface – que funcionam essencialmente como filtros de informações, apresentando ao usuário apenas aquilo que é do seu inteA Cultura Digitalresse.

 

O autor também destaca o indício da chamada “economia da atenção”, em que a grande moeda seria explorar a atenção consciente das pessoas e o que justificaria o poder das interfaces em prender essa atenção, motivos que vão desde o estímulo visual da imagem em movimento à necessidade humana de se manter informado e, principalmente, de se comunicar. Nesse contexto, a interatividade é colocada como fator-chave no despertar da atenção humana.

 

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Se não há bandidos, o que dizer então dos mocinhos?

Emissoras e teles duelam por TV digitalÉ absolutamente evidente que, para que se desse início o processo de transição da atual televisão analógica para a futura televisão digital terrestre no Brasil, fez-se necessário, antes de qualquer coisa, a ascensão de uma tecnologia que permitisse a produção do conteúdo e distribuição do sinal televisivo digitalizado, fosse através da possibilidade de se transmitir informações adicionais para correção de erros, fosse por meio da capacidade de compressão de dados. Entretanto, apesar de fundamental a consideração dos aspectos tecnológicos, a questão técnica está longe de ser um fator isolado para a real compreensão dos impactos advindos da transição do analógico para o digital na televisão brasileira, entendimento este que pressupõe a análise de inúmeras variáveis profundamente inter-relacionadas, dos aspectos políticos e econômicos aos sócio-culturais.

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